Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
A) as tecnologias, o mercado dos produtos e serviços e a higiene criaram uma ditadura do corpo.
B) os cuidados com o corpo na modernidade reforçam a naturalidade da personalidade do indivíduo.
C) a expansão das tecnologias de cuidado reduz o impacto desempenhado pelos padrões estéticos na construção da imagem corporal.
D) o enfraquecimento atual dos padrões de beleza favorece o crescimento do mercado de produtos e serviços voltados aos cuidados estéticos.
E) os padrões estéticos desempenham uma importante função social à medida que induzem à melhoria dos indicadores de saúde na população.
A) padronização da inserção dos homens nessas manifestações corporais.
B) identificação de como essas práticas regulam uma única masculinidade.
C) reconhecimento das diferentes masculinidades.
D) contestação das normas sociais pelo balé.
E) reforço de uma feminilidade hegemônica.
Disponível em: www.vidasimples.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
A apropriação das informações produzidas na imagem do GPS, nesse texto, tem o propósito de
A) reafirmar a necessidade do uso de aparelhos eletrônicos na escolha de rotas.
B) demonstrar a eficiência da tecnologia na resolução de problemas humanos.
C) estimular a reflexão sobre o poder de controlar os rumos da vida.
D) comprovar a aplicabilidade dos recursos digitais na reconfiguração de trajetos.
E) destacar a incerteza das emoções vividas pelo coração humano.
Pessoal intransferível
Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.
Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.
TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Paulo: Global, 2018.
Expoente da poesia produzida no Brasil na década de 1970 e autor de composições representativas da Tropicália, Torquato Neto mobiliza, nesse texto,
A) gírias e expressões coloquiais para criticar a linguagem adornada da tradição literária então vigente.
B) intenções satíricas e humorísticas para delinear uma concepção de poesia voltada para a felicidade dos leitores.
C) frases de efeito e interpelações ao leitor para ironizar as tentativas de adequação do poema ao gosto do público.
D) recursos da escrita em prosa e noções do senso comum para enfatizar as dificuldades inerentes ao trabalho do poeta.
E) referências intertextuais e anedóticas para defender a importância de uma atitude destemida ante os riscos da criação poética.
Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
Matinal e noturna, ativa... Nossa!
ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento).
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)
A) registro social típico de variedades regionais.
B) variante particular presente na oralidade.
C) inovação lexical singularizante da linguagem literária.
D) marca de informalidade característica do texto literário.
E) traço linguístico exclusivo da linguagem poética.
Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças às suas cartas.
Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou despercebido o título que quer dar ao seu primeiro livro de poemas — Minha terra tem palmeiras). Às vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho do motor do carro em disparada, ou se fica contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à vida besta, que devia jazer para sempre abandonada em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que nem um pernóstico malandro escondido por detrás dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por ocasião das bacanais de Momo.
SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2006.
Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um texto de expressividade centrada na
A) hesitação na escolha de um modelo literário ideal.
B) colagem de estilos e estéticas na formação do escritor.
C) confluência de vozes narrativas e de referências biográficas.
D) fragmentação do discurso na origem da representação poética.
E) correlação entre elementos da cultura popular e de origem erudita.
Indústria cultural da felicidade
Tornou-se perigoso o emprego da palavra felicidade desde seu mau uso pela propaganda. Os que se negam a usá-la acreditam liberar os demais dos desvios das falsas necessidades, das bugigangas que se podem comprar em shoppings grã-finos ou em camelôs na beira da calçada, que, juntos, sustentam a indústria cultural da felicidade à qual foi reduzido o que, antes, era o ideal ético de uma vida justa. Infelicidade poderia ser o nome próprio desse novo estado da alma humana que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que está a fazer. Desespero é um termo ainda mais agudo quando se trata da perda do sentido das ações pela perda da capacidade de reflexão sobre o que se faz. A felicidade publicitária está ao alcance dos dedos e não promete um depois. Resulta disso a massa de “desesperados” trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento.
TIBURI, M. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 12 nov. 2014 (adaptado).
Ao reprovar a ação da indústria da felicidade e um comportamento humano, o texto associa a
A) ansiedade recorrente ao lançamento de novidades no mercado.
B) visita frequente ao shopping à resolução de problemas cotidianos.
C) atitude impensada ao atendimento de necessidades emergenciais.
D) postura consumista à crença na promessa ilusória de anúncios publicitários.
E) vantagem econômica à venda de produtos falsificados no mercado ambulante.
Porta dos Fundos: contrato vitalício
Diretor: Ian SBF;
Tempo: 1 h 46 min;
Brasil, 2016.
O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos, conhecido por seus mais de 12 milhões de assinantes no YouTube, estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet. O desafio do grupo foi transformar os vídeos curtos em um longa para o cinema, que, apesar de grande investimento do elenco e dos produtores, não empolga tanto. O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier), que, vencedores em Cannes, no auge de suas carreiras, decidem assinar um contrato vitalício em que o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel. A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos: uma famosa blogueira, um jornalista de fofoca, um agente de celebridades, uma diretora de elenco radical, um detetive, um ajudante e atores. O ponto forte do filme é satirizar justamente o mundo das celebridades da internet e do cinema, ou seja, eles mesmos neste momento.
Disponível em: www.criticasdefilmes.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Nesse texto, um trecho que traz uma marca linguística da função avaliativa da resenha é
A) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: Ian SBF; Tempo: 1 h 46 min; Brasil, 2016.”
B) “O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos [...] estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet.”
C) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier) [...]”.
D) “[...] o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel.”
E) “A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos [...]”.
Disponível em: www.ricmais.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (adaptado).
De acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos que se destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A função que predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele
A) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua escolha de maneira consciente.
B) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das palavras “corrige” e “confirma”.
C) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento do texto não verbal.
D) usa a imagem como único recurso para interagir com o público a que se destina.
E) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de uma criança.
Assim, está nascendo dentro da língua portuguesa, e provavelmente dentro de todas as demais línguas, uma nova linguagem, a linguagem radiofônica. Como a dos engenheiros, como a dos gatunos, como a dos amantes, como a usada pela mãe com o filho que ainda não fala, essa linguagem radiofônica tem suas características próprias determinadas por exigências ecológicas e técnicas.
ANDRADE, M. apud PINTO, E. P. O português do Brasil. São Paulo: Edusp, 1981.
Mário de Andrade, ao se referir ao impacto que o rádio teria nas pessoas e principalmente sobre a linguagem, possibilita uma reflexão acerca
A) das relações sociais específicas da sociedade da época.
B) da relação entre o meio e o contexto social de enunciação.
C) do nascimento das línguas a partir de exigências sociais específicas.
D) das demais línguas do mundo, por possuírem características em comum.
E) da especificidade da linguagem radiofônica, em detrimento de outras linguagens.
{TITLE}