Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
O acesso à educação profissional e tecnológica pode mudar a vida de milhões de jovens em todo o país: há uma nova lei do estágio. Com a nova lei, o governo federal define o estágio profissional como ato educativo e determina medidas para que esta atividade contribua para familiarizar o futuro profissional com o mundo do trabalho. Entre as medidas estabelecidas, estão: a obrigatoriedade da supervisão por parte do professor da instituição de origem do estudante com o auxílio de um profissional no local de trabalho, a definição de jornada máxima de trabalho de quatro a seis horas.
Carta na Escola. N° 32, dez. 2008/jan. 2009 (adaptado).
Ao listar as mudanças ocorridas na legislação referente ao estágio, o autor do texto tem como objetivo
A) familiarizar milhões de jovens estudantes com o seu futuro profissional.
B) mostrar que as políticas públicas favorecem os trabalhadores da educação.
C) incentivar a obrigatoriedade da supervisão por parte do professor.
D) familiarizar o leitor com as instituições que definem o ensino profissionalizante.
E) apresentar as novas normas que definem o estágio profissional para estudantes.
Morte e vida Severina
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento).
sse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela
A) presença da morte, que universaliza os sofrimentos dos nordestinos.
B) figura do homem agreste, que encara ternamente sua condição de pobreza.
C) descrição sentimentalista de Severino, que divaga sobre questões existenciais.
D) miséria, à qual muitos nordestinos estão expostos, simbolizada na figura de Severino.
E) opressão socioeconômica a que todo ser humano se encontra submetido.
Gravuras e pinturas são duas modalidades da prática gráfica rupestre, feitas com recursos técnicos diferentes. Existem vastas áreas nas quais há dominância de uma ou outra técnica no Brasil, o que não impede que ambas coexistam no mesmo espaço. Mas em todas as regiões há mãos, pés, antropomorfos e zoomorfos. Os grafismos realizados em blocos ou paredes foram gravados por meio de diversos recursos: picoteamento, entalhes e raspados.
DANTAS, M. Antes: história da pré-história. Brasília: CCBB, 2006
Nas figuras que representam a arte da pré-história brasileira e estão localizadas no sítio arqueológico da Serra da Capivara, estado do Piauí, e, com base no texto, identificam-se
A) imagens do cotidiano que sugerem caçadas, danças, manifestações rituais.
B) cenas nas quais prevalece o grafismo entalhado em superfícies previamente polidas.
C) aspectos recentes, cujo procedimento de datação indica o recuo das cronologias da prática pré-histórica.
D) situações ilusórias na reconstituição da pré-história, pois se localizam em ambientes degradados.
E) grafismos rupestres que comprovam que foram realizados por pessoas com sensibilidade estética.
Ele se aproximou e com a voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa, antes que ele mudasse de ideia.
— E se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabea.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
— Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
[...]
Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome.
— Olímpico de Jesus Moreira Chaves — mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. [...]
— Eu não entendo o seu nome — disse ela. — Olímpico?
Macabea fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido:
— Eu sei mas não quero dizer!
— Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978 (fragmento).
Na passagem transcrita, a caracterização das personagens e o diálogo que elas estabelecem revelam alguns aspectos centrais da obra, entre os quais se destaca a
A) ênfase metalinguística nas falas dos personagens, conscientes de sua limitação linguística e discursiva.
B) relação afetiva dos personagens, por meio da qual tentam superar as dificuldades de comunicação.
C) expressividade poética dos personagens, que procuram compreender a origem de seus nomes.
D) privação da palavra, que denota um dos fatores da exclusão social vivida pelos personagens.
E) consciência dos personagens de que o fingimento é uma estratégia argumentativa de persuasão.
Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores, cujas telas foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Tal como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com um estilo peculiar. Considerando-se as obras apresentadas, o artista brasileiro
A) estava preocupado em retratar detalhes da cena.
B) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
C) optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente de Michelangelo.
D) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços europeus, típicos de Michelangelo.
E) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma vez que retratou a mesma cena bíblica.
Brazil, capital Buenos Aires
No dia em que a bossa nova inventou o Brazil
Teve que fazer direito, senhores pares,
Porque a nossa capital era Buenos Aires,
A nossa capital era Buenos Aires.
E na cultura-Hollywood o cinema dizia
Que em Buenos Aires havia uma praia
Chamada Rio de Janeiro
Que como era gelada só podia ter
Carnaval no mês de fevereiro.
Naquele Rio de Janeiro o tango nasceu
E Mangueira o imortalizou na avenida
Originária das tangas
Com que as índias fingiam
Cobrir a graça sagrada da vida.
Tom Zé. Disponível em http://letras.terra.com.br. Acesso em: abr. 2010.
O texto de Tom Zé, crítico de música, letrista e cantor, insere-se em um contexto histórico e cultural que, dentro da cultura literária brasileira, define-se como
A) contemporâneo à poesia concretista e por ela influenciado.
B) sucessor do Romantismo e de seus ideais nacionalistas.
C) expressão do modernismo brasileiro influenciado pelas vanguardas europeias.
D) representante da literatura engajada, de resistência ao Estado Novo.
E) precursor do movimento de afirmação nacionalista, o Tropicalismo.
O esporte de alto rendimento envolve atividades físicas de caráter competitivo, no qual os atletas competem consigo mesmos ou com outros, sujeitando-se a regras preestabelecidas aprovadas pelos organismos internacionais ou nacionais de cada modalidade.
As grandes competições são reservadas aos grandes talentos e possibilitam a promoção de espetáculos que
A) geram modelos de atletas, que passam a ser exemplos seguidos por jovens e crianças.
B) permitem aos espectadores assistirem às partidas, fazendo parte de equipes.
C) minimizam as possibilidades de participação e procura pelas práticas esportivas.
D) incentivam o abandono das práticas esportivas, além do sedentarismo nos indivíduos.
E) possibilitam aos espectadores desenvolvimento tático e participação nas equipes.
Como a ideia de gênero está fundada nas diferenças biológicas entre os sexos, ela aponta para o caráter implicitamente relacional do feminino e do masculino. Assim, gênero é uma categoria relacional porque leva em conta o outro sexo, em presença ou ausência. Além disso, relaciona-se com outras categorias, pois não somos vistos(as) de acordo apenas com nosso sexo ou com o que a cultura fez dele, mas de uma maneira muito mais ampla: somos classificados(as) de acordo com nossa idade, raça, etnia, classe social, altura e peso corporal, habilidades motoras, entre muitas outras.
SOUSA, E. S.; ALTMANN, H. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes. Ano XIX, n° 48, ago.1999.
Diante do exposto, é possível perceber que as diferenças entre sexo masculino e feminino se encontram em todos os campos de atividades. Atualmente, no campo da prática de atividades físicas, percebe-se
A) um aumento da participação, tanto do sexo feminino como do sexo masculino, na prática de exercícios e jogos que eram exclusivamente pertencentes a um determinado sexo, incluindo as pessoas com deficiência.
B) uma manutenção na prática de exercícios direcionados ao uso de força física somente para os homens e outros que exigem delicadeza exclusivamente para as mulheres.
C) um aumento da oferta por espaços que permitem praticar exercícios ao ar livre e/ou em academias direcionados a recreação e jogos, voltados para homens e mulheres, separando-os em razão de suas diferenças.
D) uma manutenção das diferenças entre os sexos feminino e masculino, porém com um aumento significativo de mulheres que deixaram de praticar exercícios por não encontrar uma atividade adequada ao seu corpo.
E) um aumento da procura por parte do sexo masculino de exercícios que propiciam relaxamento, educação postural e alongamento, com o objetivo de melhorar o desempenho na prática da musculação.
O esporte, as ginásticas, a dança, as artes marciais, as práticas de aptidão física tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo (mesmo que apenas como imagens) e objetos de conhecimento e informação amplamente divulgados ao grande público. Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias sobre a cultura corporal do movimento.
BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. São Paulo, 2002.
Essa difusão possibilitou o acesso a uma diversidade de atividades físicas e esportes coletivos praticados ao redor do mundo, que
A) promoveu um aumento, no Brasil, da prática de esportes como a ginástica e uma diminuição da prática do voleibol e basquetebol.
B) permitiu uma maior compreensão de esportes praticados em alguns países e/ou comunidades, de acordo com as suas características sociais e regionais.
C) diminuiu a prática de esportes desse tipo em algumas regiões do Brasil, pois são considerados excessivamente agressivos e necessitam de muitos jogadores.
D) aumentou o número de pessoas ao redor do mundo que praticam esportes desse tipo e diminuiu a prática das artes marciais como o karatê.
E) estimulou o ensino de algumas lutas, como, por exemplo, a capoeira, por ser considerada étnica e envolver um único grupo social.
Cada região do país, por meio de suas danças populares, expressa sua cultura, que envolve aspectos sociais, econômicos, históricos, entre outros. As danças provocam a associação entre música e ritmo e o desenvolvimento de maior sensibilidade dos órgãos sensoriais. A ampliação da intensidade da audição aumenta a concentração, possibilitando o processo de transformação do ritmo musical em movimento espontâneo. Como exemplo de danças, tem-se o carimbó, na região Norte, e as danças gaúchas, na região Sul.
Nesse contexto, as danças populares permitem a descontração, o desenvolvimento e o descanso por serem atividades lúdicas que
A) promovem a interação, o conhecimento de diferentes ritmos e permitem minimizar o estresse da vida diária.
B) reduzem a participação, promovem competições em festivais e o conhecimento de outros ritmos.
C) impedem a socialização de todos, reduzindo a expressividade, por exigir habilidades corporais e espontaneidade.
D) permitem o desligamento dos elementos históricos, relacionando-as com os movimentos políticos e sociais.
E) reduzem a expressão corporal e as experiências, por utilizarem símbolos de outras culturas.
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