Questões de Português do ENEM

Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

cód. #4104

INEP - Português - 2012 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

O que a internet esconde de você


Para cada site que você pode visitar, existem pelo menos 400 outros que não consegue acessar. Eles existem, estão lá, mas são invisíveis. Estão presos num buraco negro digital maior do que a própria internet. A cada vez que você interage com um amigo nas redes sociais, vários outros são ignorados e têm as mensagens enterradas num enorme cemitério on-line. E, quando você faz uma pesquisa no Google, não recebe os resultados de fato — e sim uma versão maquiada, previamente modificada de acordo com critérios secretos. Sim, tudo isso é verdade — e não é nenhuma grande conspiração. Acontece todos os dias sem que você perceba. Pegue seu chapéu de Indiana Jones e vamos explorar a web perdida.

GRAVATÁ, A. Superinteressante, nov. 2011 (fragmento).


Os gêneros do discurso jornalístico, geralmente a manchete, a notícia e a reportagem, exigem um repórter que não diz “eu”, nem mesmo que se refira ao leitor do texto explicitamente. No trecho lido, ao contrário, é recorrente o emprego de "você", o qual

A) remete a um sujeito "eu" que se prende ao próprio dizer, fortalecendo a subjetividade.
B) explicita uma construção metalinguística que se volta para o próprio dizer.
C) deixa claro o leitor esperado para o texto, aquele que visita redes sociais e sites de busca no dia a dia.
D) estabelece conexão entre o fatual e o opinativo, o que descaracteriza o texto como reportagem.
E) revela a intenção de tornar a leitura mais fácil, a partir de um texto em que se emprega vocabulário simples.

A B C D E

cód. #4105

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Notícias do além


Aquele que morrer primeiro e for para o céu deverá voltar à Terra para contar ao outro como é a vida lá no paraíso. Assim ficou combinado entre Francisco e Sebastião, amigos inseparáveis e apaixonados pelo futebol. Francisco teve morte súbita e, passado algum tempo, no meio da noite, sua alma apareceu ao colega:

— Nossa Senhora, Chico! Você veio mesmo!

— Estou aqui, Tião, para cumprir a minha promessa, trazendo-lhe duas notícias.

— Então me fala.

— O céu é uma maravilha, um colosso, uma beleza. Tem futebol todo dia.

— E a outra?

— A outra é que você está escalado para jogar no meu time amanhã cedo.

DIAS, M. V. R. Humor na Marolândia. In: ILARI, R. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.


Esse texto pode ser analisado sob dois pontos de vista que incluem situações diferentes de interlocução: a primeira, considerando seu produtor e seus potenciais leitores; e a segunda, considerando os interlocutores Francisco e Sebastião. Para cada uma dessas situações o produtor do texto tem um objetivo específico que se determina, não só pela situação, mas também pelo gênero textual.

Os verbos que sintetizam os objetivos do produtor nas duas situações propostas são, respectivamente,

A) entreter e seduzir.
B) divertir e informar.
C) distrair e comover.
D) recrear e assustar.
E) alegrar e intimidar.

A B C D E

cód. #4106

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TEXTO I


A canção do africano

Lá na úmida senzala,

Sentado na estreita sala,

Junto ao braseiro, no chão,

entoa o escravo o seu canto,

E ao cantar correm-lhe em pranto

Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava

Os olhos no filho crava,

Que tem no colo a embalar...

E à meia-voz lá responde

Ao canto, e o filhinho esconde,

Talvez p'ra não o escutar!

"Minha terra é lá bem longe,

Das bandas de onde o sol vem;

Esta terra é mais bonita,

Mas à outra eu quero bem."

ALVES, C. Poesias com pletas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995 (fragmento).


TEXTO II


No caso da Literatura Brasileira, se é verdade que prevalecem as reformas radicais, elas têm acontecido mais no âmbito de movimentos literários do que de gerações literárias. A poesia de Castro Alves em relação à de Gonçalves Dias não é a de negação radical, mas de superação, dentro do mesmo espírito romântico.

MELO NETO, J. C. Obra com pleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 (fragmento)


O fragmento do poema de Castro Alves exemplifica a afirmação de João Cabral de Melo Neto porque

A) exalta o nacionalismo, embora lhe imprima um fundo ideológico retórico.
B) canta a paisagem local, no entanto, defende ideais do liberalismo.
C) mantém o canto saudosista da terra pátria, mas renova o tema amoroso.
D) explora a subjetividade do eu lírico, ainda que tematize a injustiça social.
E) inova na abordagem de aspecto social, mas mantém a visão lírica da terra pátria.

A B C D E

cód. #4107

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Era uma vez


Um rei leão que não era rei.

Um pato que não fazia quá-quá.

Um cão que não latia.

Um peixe que não nadava.

Um pássaro que não voava.

Um tigre que não comia.

Um gato que não miava.

Um homem que não pensava...

E, enfim, era uma natureza sem nada.

Acabada. Depredada.

Pelo homem que não pensava.

Laura Araújo Cunha

CUNHA, L. A. In: KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2011.


São as relações entre os elementos e as partes do texto que promovem o desenvolvimento das ideias. No poema, a estratégia linguística que contribui para esse desenvolvimento, estabelecendo a continuidade do texto, é a

A) escolha de palavras de diferentes campos semânticos.
B) negação contundente das ações praticadas pelo homem.
C) intertextualidade com o gênero textual fábula infantil.
D) repetição de estrutura sintática com novas informações.
E) utilização de ponto final entre termos de uma mesma oração.

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cód. #4108

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Uma tuiteratura?


As novidades sobre o Twitter já não cabem em 140 toques. Informações vindas dos EUA dão conta de que a marca de 100 milhões de adeptos acaba de ser alcançada e que a biblioteca do Congresso, um dos principais templos da palavra impressa, vai guardar em seu arquivo todos os tweets, ou seja, as mensagens do microblog. No Brasil o fenômeno não chega a tanto, mas já somos o segundo país com o maior número de tuiteiros. Também aqui o Twitter está sendo aceito em territórios antes exclusivos do papel. A própria Academia Brasileira de Letras abriu um concurso de microcontos para textos com apenas 140 caracteres. Também se fala das possibilidades literárias desse meio que se caracteriza pela concisão. Já há até um neologismo, "tuiteratura", para indicar os “enunciados telegráficos com criações originais, citações ou resumos de obras impressas". Por ora, pergunto como se estivesse tuitando: querer fazer literatura com palavras de menos não é pretensão demais?

VENTURA, Z. O Globo, 17 abr. 2010 (adaptado).


As novas tecnologias estão presentes na sociedade moderna, transformando a comunicação por meio de inovadoras linguagens. O texto de Zuenir Ventura mostra que o Twitter tem sido acessado por um número cada vez maior de internautas e já se insere até na literatura. Neste contexto de inovações linguísticas, a linguagem do Twitter apresenta como característica relevante

A) a concisão relativa ao texto ao adotar como regra o uso de uma quantidade predefinida de toques.
B) a frequência de neologismos criados com a finalidade de tornar a mensagem mais popular.
C) o uso de expressões exclusivas da nova forma literária para substituir palavras usuais do português.
D) o emprego de palavras pouco usuais no dia a dia para reafirmar a originalidade e o espírito crítico dos usuários desse tipo de rede social.
E) o uso de palavras e expressões próprias da mídia eletrônica para restringir a participação de usuários.

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cód. #4109

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O internetês na escola


O internetês — expressão grafolinguística criada na internet pelos adolescentes na última década — foi, durante algum tempo, um bicho de sete cabeças para gramáticos e estudiosos da língua. Eles temiam que as abreviações fonéticas (onde "casa" vira ksa; e "aqui" vira aki) comprometessem o uso da norma culta do português para além das fronteiras cibernéticas. Mas, ao que tudo indica, o temido internetês não passa de um simpático bichinho de uma cabecinha só. Ainda que a maioria dos professores e educadores se preocupe com ele, a ocorrência do internetês nas provas escolares, vestibulares e em concursos públicos é insignificante. Essa forma de expressão parece ainda estar restrita a seu hábitat natural. Aliás, aí está a questão: saber separar bem a hora em que podemos escrever de qq jto, da hora em que não podemos escrever de "qualquer jeito". Mas, e para um adolescente que fica várias horas “teclando” que nem louco nos instant messengers e chats da vida, é fácil virar a "chavinha" no cérebro do internetês para o português culto? “Essa dificuldade será proporcional ao contato que o adolescente tenha com textos na forma culta, como jornais ou obras literárias. Dependendo deste contato, ele terá mais facilidade para abrir mão do internetês" — explica Eduardo de Almeida Navarro, professor livre-docente de língua tupi e literatura colonial da USP.

RAMPAZZO, F. Disponível em: www.revistalingua.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012 (adaptado).


Segundo o texto, a interação virtual favoreceu o surgimento da modalidade linguística conhecida como internetês. Quanto à influência do internetês no uso da forma culta da língua, infere-se que

A) a ocorrência de termos do internetês em situações formais de escrita aponta a necessidade de a língua ser vista como herança cultural que merece ser bem cuidada.
B) a dificuldade dos adolescentes para produzirem textos mais complexos é evidente, sendo consequência da expansão do uso indiscriminado da internet por esse público.
C) a carência de vocabulário culto na fala de jovens tem sido um alerta quanto ao uso massivo da internet, principalmente no que concerne a mensagens instantâneas.
D) a criação de neologismos no campo cibernético é inevitável e restringe a capacidade de compreensão dos internautas quando precisam lidar com leitura de textos formais.
E) a alternância de variante linguística é uma habilidade dos usuários da língua e é acionada pelos jovens de acordo com suas necessidades discursivas.

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cód. #4110

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Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!

PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids: interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado).


O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que não devem amamentar seus recémnascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra "mamadeirar", que consiste

A) na manifestação do preconceito linguístico.
B) na recorrência a um neologismo.
C) no registro coloquial da linguagem.
D) na expressividade da ambiguidade lexical.
E) na contribuição da justaposição na formação de palavras.

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cód. #4111

INEP - Português - 2012 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL


Essa peça publicitária foi construída relacionando elementos verbais e não verbais. Considerando-se as estratégias argumentativas utilizadas pelo seu autor, percebe-se que a linguagem verbal explora, predominantemente, a função apelativa da linguagem, pois

A) imprime no texto a posição pessoal do autor em relação ao lugar descrito, objeto da propaganda.
B) utiliza o artifício das repetições para manter a atenção do leitor, potencial consumidor de seu produto.
C) mantém o foco do texto no leitor, pelo emprego repetido de "você", marca de interlocução.
D) veicula informações sobre as características físicas do lugar, balneário com grande potencial turístico.
E) estabelece uma comparação entre a paisagem e uma pintura, artifício geralmente eficaz em propagandas.

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cód. #4112

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Quando a propaganda é decisiva na troca de marcas


Todo supermercadista sabe que, quando um produto está na mídia, a procura pelos consumidores aumenta. Mas, em algumas categorias, a influência da propaganda é maior, de acordo com pesquisa feita com 400 pessoas pela consultoria YYY e com exclusividade para o supermercado XXX.

O levantamento mostrou que, mesmo não sendo a razão o fator mais apontado para trocar de marca, não se pode ignorar a força das campanhas publicitárias. Em algumas categorias, um terço dos respondentes atribuem a mudança à publicidade. Para Nicanor Guerreiro, a propaganda estabelece uma relação mais "emocional" da marca com o público. “Todos sentimos necessidade de consumir produtos que sejam ‘aceitos' pelas outras pessoas. Por isso, a comunicação faz o papel de endosso das marcas”, afirma. O executivo ressalta, no entanto, que nada disso adianta se o produto não cumprir as promessas transmitidas nas ações de comunicação. Um dos objetivos da propaganda é tornar o produto aspiracional, despertando o desejo de experimentá-lo. O que o consumidor deseja é o que a loja vende. E é isso o que o supermercadista precisa ter sempre em mente. Veja o gráfico:



De acordo com o texto e com as informações fornecidas pelo gráfico, para aumentar as vendas de produtos, é necessário que

A) a campanha seja centrada em produtos alimentícios, a fim de aumentar o percentual de troca atual que se apresenta como o mais baixo.
B) a preferência de um produto ocorra por influência da propaganda devido à necessidade emocional das marcas.
C) a propaganda influencie na troca de marca e que o consumidor valorize a qualidade do produto.
D) os produtos mais vendidos pelo comércio não sejam divulgados para o público como tal.
E) as marcas de qualidade inferior constituam o foco da publicidade por serem mais econômicas.

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cód. #4113

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Cegueira


Afastou-me da escola, atrasou-me, enquanto os filhos de seu José Galvão se internavam em grandes volumes coloridos, a doença de olhos que me perseguia na meninice. Torturava-me semanas e semanas, eu vivia na treva, o rosto oculto num pano escuro, tropeçando nos móveis, guiando-me às apalpadelas, ao longo das paredes. As pálpebras inflamadas colavam-se. Para descerrá-las, eu ficava tempo sem fim mergulhando a cara na bacia de água, lavando-me vagarosamente, pois o contato dos dedos era doloroso em excesso. Finda a operação extensa, o espelho da sala de visitas mostravame dois bugalhos sangrentos, que se molhavam depressa e queriam esconder-se. Os objetos surgiam empastados e brumosos. Voltava a abrigar-me sob o pano escuro, mas isto não atenuava o padecimento. Qualquer luz me deslumbrava, feria-me como pontas de agulha [...].

Sem dúvida o meu espectro era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se impacientava. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva antipatia. Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega.

RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1984 (fragmento).


O impacto da doença, na infância, revela-se no texto memorialista de Graciliano Ramos através de uma atitude marcada por

A) uma tentativa de esquecer os efeitos da doença.
B) preservar a sua condição de vítima da negligência materna.
C) apontar a precariedade do tratamento médico no sertão.
D) registrar a falta de solidariedade dos amigos e familiares.
E) recompor, em minúcias e sem autopiedade, a sensação da dor.

A B C D E

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