Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
Um gramático contra a gramática
O gramático Celso Pedro Luft era formado em Letras Clássicas e Vernácula pela PUCRS e fez curso de especialização em Portugal. Foi professor na UFRGS e na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências e Letras. Suas obras mais relevantes são: Gramática resumida, Moderna gramática brasileira, Dicionário gramatical da língua portuguesa, Novo manual de português, Minidicionário Luft, Língua e liberdade e O romance das palavras. Na obra Língua e liberdade, Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, de forma veemente, o ensino da gramática em sala de aula. Nos seis pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla — uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna.
SCARTON, G. Disponível em: www.portugues.com.br. Acesso em: 26 out. 2011 (fragmento).
Reconhecer os diversos gêneros textuais que circulam na sociedade constitui-se uma característica fundamental do leitor competente. A análise das características presentes no fragmento de Um gramático contra a gramática, de Gilberto Scarton, revela que o texto em questão pertence ao seguinte gênero textual:
A) Artigo científico, uma vez que o fragmento contém título, nome completo do autor, além de ter sido redigido em uma linguagem clara e objetiva.
B) Relatório, pois o fragmento em questão apresenta informações sobre o autor, bem como descreve com detalhes o conteúdo da obra original.
C) Resenha, porque além de apresentar características estruturais da obra original, o texto traz ainda o posicionamento crítico do autor do fragmento.
D) Texto publicitário, pois o fragmento apresenta dados essenciais para a promoção da obra original, como informações sobre o autor e o conteúdo.
E) Resumo, visto que, no fragmento, encontram-se informações detalhadas sobre o currículo do autor e sobre o conteúdo da obra original.
Como ganhar qualquer discussão
A verdade nem sempre depende de fatos — nos jornais, no Congresso ou no boteco, ela é frequentemente empacotada com táticas perversas e milenares. Conhecer essas técnicas é um bom jeito de se defender contra elas (e fazer a sua opinião prevalecer).
1. Capte a benevolência — Siga a dica da retórica romana (captatio benevolentiae) e adule o interlocutor.
2. Exagere o argumento do adversário — É a “técnica do espantalho”, também chamada de ampliação indevida pelo filósofo Arthur Schopenhauer.
3. Entre na onda — Concorde com parte dos argumentos do outro para, a partir daí, traçar a própria conclusão.
Outras dicas do mal:
• Mantenha a calma (o tom de fala vale mais que bons argumentos).
• Invalide as opiniões do adversário, desqualificando-o sem questioná-lo.
• Repita o argumento do outro, mas agora a seu favor.
• Revele que está usando uma tática para ganhar a discussão (aproveite para fingir que você venceu).
NARLOCH, L. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).
O fragmento, retirado de uma revista de divulgação científica, constrói-se em tom de humor, a partir de uma linguagem lúdica e despojada. O apelo a esse recurso expressivo é adequado para essa situação comunicativa, porque
A) converge para a subjetividade, característica desse tipo de periódico.
B) segue parâmetros textuais semelhantes aos das publicações científicas.
C) confirma o próprio periódico como meio de comunicação de massa.
D) atende a um leitor interessado em expandir conhecimento teórico.
E) contraria o uso previsto para o registro formal da língua portuguesa.
O cordelista por ele mesmo
Aos doze anos eu era
forte, esperto e nutrido.
Vinha do Sítio de Piroca
muito alegre e divertido
vender cestos e balaios
que eu mesmo havia tecido.
Passava o dia na feira
e à tarde regressava
levando umas panelas
que minha mãe comprava
e bebendo água salgada
nas cacimbas onde passava.
BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histórias de cordel. Porto Alegre: LP&M, 2003 (fragmento).
Literatura de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia, tematicamente, histórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar certas crenças e ações destacadas nas sociedades locais. A respeito do uso das formas variantes da linguagem no Brasil, o verso do fragmento que permite reconhecer uma região brasileira é
A) “muito alegre e divertido”.
B) “Passava o dia na feira”.
C) “levando umas panelas”
D) “que minha mãe comprava”
E) “nas cacimbas onde passava”.
Os textos relativos ao mundo do trabalho, geralmente, são elaborados no padrão normativo da língua. No anúncio, apesar de o enunciador ter usado uma variedade linguística não padrão, ele atinge seus propósitos comunicativos porque
A) os fazendeiros podem contar com a comodidade de serem atendidos em suas fazendas.
B) a parede de uma casa é um suporte eficiente para a divulgação escrita de um anúncio.
C) a letra de forma torna a mensagem mais clara, de modo a facilitar a compreensão.
D) os mecânicos especializados em máquinas pesadas são raros na zona rural.
E) o contexto e a seleção lexical permitem que se alcance o sentido pretendido.
A foto mostra integrantes de um grupo de choro tocando instrumentos de diferentes classificações. Nessa formação, o instrumento que representa a família
A) das madeiras é a flauta transversal.
B) das cordas friccionadas é o bandolim.
C) dos metais é o pandeiro.
D) das percussões com membrana é o afoxé.
E) das cordas percurtidas é o cavaquinho.
A)
Quando você quis eu não quis
Qdo eu quis você ñ quis
Pensando mal quase q fui
Feliz
(Cacaso)
— Aonde é que você vai, rapaz?!
— Tá louco, bicho, vou cair fora!
— Mas, qual é, rapaz?!
Uma simples operação de
apendicite!
(Ziraldo)
Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma ideia clara.
Só existe um segredo.
Tudo está na cara.
(Paulo Leminski)
Com deus mi deito com deus mi levanto
comigo eu calo comigo eu canto
eu bato um papo eu bato um ponto
eu tomo um drink eu fico tonto.
(Chacal)
O tempo é um fio
por entre os dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo
(Henriqueta Lisboa)
O Grandescompras é um site de compras coletivas do Brasil e surgiu devido a esta nova modalidade de comércio eletrônico que vem crescendo a cada dia no mundo, e também aqui no Brasil. As compras coletivas são a moda da vez, e para quem ainda não conhece esse sistema, ele já é bem popular nos Estados Unidos há muito tempo, vindo a se destacar aqui no Brasil após o início de 2010. O Grandescompras possui ofertas especiais que podem variar de 50% a 90%, de acordo com a quantidade de pessoas interessadas em adquirir o produto/serviço. Para se ter uma ideia, existem descontos em bares, restaurantes, salões de beleza e muitos outros lugares.
Disponível em: www.noticiaki.com. Acesso em: 12 jan. 2012 (adaptado).
O advento da internet produziu mudanças no comportamento dos consumidores e nas relações de compra e venda. Segundo o texto, a adesão dos consumidores ao site de compras coletivas pela internet está relacionada ao fato de que
A) a venda eletrônica constitui um modismo característico dos dias atuais.
B) o consumidor deseja realizar uma compra recorrendo a um meio fácil e seguro.
C) a diminuição do preço de um produto está relacionada ao aumento de sua procura.
D) os descontos em produtos exclusivos aumentam o prestígio social dos internautas.
E) a compra pela internet é uma prática recorrente entre moradores de países ricos.
Como os gêneros são históricos e muitas vezes estão ligados às tecnologias, eles permitem que surjam novidades nesse campo, mas são novidades com algum gosto do conhecido. Observem-se as respectivas tecnologias e alguns de seus gêneros: telegrama; telefonema; entrevista televisiva; entrevista radiofônica; roteiro cinematográfico e muitos outros que foram surgindo com tecnologias específicas. Neste sentido, é claro que a tecnologia da computação, por oferecer uma nova perspectiva de uso da escrita num meio eletrônico muito maleável, traz mais possibilidades de inovação.
MARCUSCHI, L. A. Disponível em: www.progesp.ufba.br. Acesso em: 23 jul. 2012 (fragmento).
O avanço das tecnologias de comunicação e informação fez, nas últimas décadas, com que surgissem novos gêneros textuais. Esses novos gêneros, contudo, não são totalmente originais, pois eles inovam em alguns pontos, mas remetem a outros gêneros textuais preexistentes, como ocorre no seguinte caso:
A) O gênero e-mail mantém características dos gêneros carta e bilhete.
B) O gênero aula virtual mantém características do gênero reunião de grupo.
C) O gênero bate-papo virtual mantém características do gênero conferência.
D) O gênero videoconferência mantém características do gênero aula presencial.
E) O gênero lista de discussão mantém características do gênero palestra.
Disponível em: http://portal.rpc.com.br. Acesso em: 13 jun. 2011.
A tirinha faz referência a uma situação muito comum nas famílias brasileiras: a necessidade de estudar para o vestibular. Buscando convencer o seu interlocutor, os personagens da tira fazem uso das seguintes estratégias argumentativas:
A) Comoção e chantagem.
B) Comoção e ironia.
C) Intimidação e chantagem.
D) Intimidação e sedução.
E) Sedução e ironia.
TEXTO I
Eles se beijavam no elevador, nos corredores do prédio. Se amavam tanto, que o vizinho solteirão da esquerda guardava por eles uma vermelha inveja. Uma tarde, sem que ninguém soubesse por que, eles se enforcaram no banheiro. Houve muito tumulto, carros da polícia parados em frente ao edifício, as equipes de TV.
O sol caía sobre as marquises e a cabeça dos curiosos na rua. Um senhor dizia para uma mulher passando ali:
— Eles se suicidaram.
Uma comerciária acrescentava:
— Dizem que eles se gostavam muito.
— Que coisa!
Enquanto isso, o solteirão, na janela do seu apartamento, vendo todos lá embaixo, mordia com sabor a carne acesa de uma enorme goiaba.
FERNANDES, R. O caçador. João Pessoa: UFPB, 1997 (fragmento).
TEXTO II
Invejoso
O carro do vizinho é muito mais possante
E aquela mulher dele é tão interessante
Por isso ele parece muito mais potente
Sua casa foi pintada recentemente
E quando encontra o seu colega de trabalho
Só pensa em quanto deve ser o seu salário
Queria ter a secretária do patrão
Mas sua conta bancária já chegou ao chão
[...]
Invejoso
Querer o que é dos outros é o seu gozo
E fica remoendo até o osso
Mas sua fruta só lhe dá o caroço
Invejoso
O bem alheio é o seu desgosto
Queria um palácio suntuoso
Mas acabou no fundo desse poço...
ANTUNES, A. Iê Iê Iê. São Paulo: Rosa Celeste, 2009 (fragmento).
O conto e a letra de canção abordam o mesmo tema, a inveja. Embora empreguem recursos linguísticos diferentes, ambos lançam mão de um mecanismo em comum, que consiste em
A) referir-se, em terceira pessoa, a um indivíduo qualificado como invejoso.
B) conferir à inveja aspectos humanos ao fazer dela personagem de narrativa.
C) expressar o ponto de vista do invejoso por meio da fala de uma personagem.
D) dissertar sobre a inveja, apresentando argumentos contrários e favoráveis.
E) fazer uma descrição do perfil psicológico de alguém caracterizado como invejoso.
{TITLE}