Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
Disponível em: www.pmf.sc.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
Nesse texto, o entrelaçamento de vários gêneros textuais é um mecanismo discursivo para
A) destacar a fidelidade dos cães.
B) realçar as vantagens de se adotar um cão.
C) mostrar a dependência decorrente do amor aos cães.
D) enfatizar o interesse das pessoas pela adoção de cães.
E) sensibilizar a comunidade sobre a carência dos cães.
O que dizer de um corpo flácido, gordo, considerado deselegante nos dias de hoje, mas que era, há não muito tempo, considerado sensual e inspirador por pintores clássicos? Como entender o conceito de saúde, associado antigamente a um corpo robusto, até mesmo gordo, e atualmente relacionado a um corpo magro? E o corpo já não tão jovem, sobre o qual é imposta uma série de “consertos” e “reparos” para parecer mais jovem? O que se pode dizer é que o corpo é uma síntese da cultura, pois, através do seu corpo, o ser humano vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais, em um processo de incorporação.
DAOLIO, J. Os significados do corpo na cultura e as implicações para a educação física. Movimento, n. 2, 1995 (adaptado).
As mudanças das representações sobre o corpo ao longo da história são provenientes da
A) busca permanente pela saúde relacionada a um padrão corporal específico.
B) interferência da História da Arte sobre padrões corporais valorizados no cotidiano.
C) pesquisa por novos procedimentos estéticos voltados aos cuidados com a aparência corporal.
D) diferença aparente entre a capacidade motora de um corpo jovem e aquele marcado pelo tempo.
E) influência da sociedade na construção dos sentidos e significados sociais relacionados ao corpo.
TEXTO I
Cinema Novo
O filme quis dizer: “Eu sou o samba”
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E começaram a se configurar
Visões das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e estão a nos formar
Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis,
Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o desafio
Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do Brasil
VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, 1993 (fragmento).
TEXTO II
O cinema brasileiro partiu da consciência do subdesenvolvimento e da necessidade de superá-lo de maneira total, em sentido estético, filosófico, econômico: superar o subdesenvolvimento com os meios do subdesenvolvimento. Tropicalismo é o nome dessa operação; por isso existe um cinema antes e depois do Tropicalismo. Agora nós não temos mais medo de afrontar a realidade brasileira, a nossa realidade, em todos os sentidos e a todas as profundidades.
ROCHA, G. Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma. In: Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro: Alhambra; Embrafilme, 1981 (adaptado).
Uma das aspirações do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960, incorporadas pela letra da canção e detectáveis no texto de Glauber Rocha, está na
A) retomada das aspirações antropofágicas pela prática intertextual.
B) problematização do conceito de arte provocada pela geração tropicalista.
C) materialização do passado como instrumento de percepção do contemporâneo.
D) síntese da cultura popular em sintonia com as manifestações artísticas da época.
E) formulação de uma identidade brasileira calcada na tradição cultural e na crítica social.
Durante cinco minutos, a banda norte-americana Atomic Tom deixou de lado microfones, guitarras, baixo e bateria. Mas eles não fizeram um show acústico como pode parecer. Eles utilizaram quatro aparelhos de telefone celular, cada um substituindo um instrumento, por meio de quatro aplicativos diferentes: Shred, Drum Meister, Pocket Guitar e Microphone.
Os quatro membros da banda embarcaram no metrô de Nova Iorque, ligaram seus celulares e começaram a tocar a música Take me Out sem nenhum tipo de anúncio, filmando a apresentação com outros aparelhos de telefone. O vídeo resultante foi sucesso no YouTube com mais de 2 milhões de visualizações.
Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 6 jun. 2018 (adaptado).
A apresentação da banda Atomic Tom revela
A) alternativas inusitadas para enfrentar a difícil aquisição de instrumentos musicais tradicionais.
B) formas descartáveis de produção musical ligadas à efemeridade da sociedade atual.
C) maneiras inovadoras de ouvir música por meio de aparelhos eletrônicos portáteis.
D) possibilidades de fazer música decorrentes dos avanços tecnológicos.
E) soluções originais de levar a cultura musical para os meios de transporte.
Assim, está nascendo dentro da língua portuguesa, e provavelmente dentro de todas as demais línguas, uma nova linguagem, a linguagem radiofônica. Como a dos engenheiros, como a dos gatunos, como a dos amantes, como a usada pela mãe com o filho que ainda não fala, essa linguagem radiofônica tem suas características próprias determinadas por exigências ecológicas e técnicas.
ANDRADE, M. apud PINTO, E. P. O português do Brasil. São Paulo: Edusp, 1981.
Mário de Andrade, ao se referir ao impacto que o rádio teria nas pessoas e principalmente sobre a linguagem, possibilita uma reflexão acerca
A) das relações sociais específicas da sociedade da época.
B) da relação entre o meio e o contexto social de enunciação.
C) do nascimento das línguas a partir de exigências sociais específicas.
D) das demais línguas do mundo, por possuírem características em comum.
E) da especificidade da linguagem radiofônica, em detrimento de outras linguagens.
Disponível em: www.ricmais.com.br. Acesso em: 10 nov. 2011 (adaptado).
De acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos que se destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A função que predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele
A) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua escolha de maneira consciente.
B) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das palavras “corrige” e “confirma”.
C) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento do texto não verbal.
D) usa a imagem como único recurso para interagir com o público a que se destina.
E) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de uma criança.
Porta dos Fundos: contrato vitalício
Diretor: Ian SBF;
Tempo: 1 h 46 min;
Brasil, 2016.
O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos, conhecido por seus mais de 12 milhões de assinantes no YouTube, estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet. O desafio do grupo foi transformar os vídeos curtos em um longa para o cinema, que, apesar de grande investimento do elenco e dos produtores, não empolga tanto. O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier), que, vencedores em Cannes, no auge de suas carreiras, decidem assinar um contrato vitalício em que o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel. A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos: uma famosa blogueira, um jornalista de fofoca, um agente de celebridades, uma diretora de elenco radical, um detetive, um ajudante e atores. O ponto forte do filme é satirizar justamente o mundo das celebridades da internet e do cinema, ou seja, eles mesmos neste momento.
Disponível em: www.criticasdefilmes.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Nesse texto, um trecho que traz uma marca linguística da função avaliativa da resenha é
A) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: Ian SBF; Tempo: 1 h 46 min; Brasil, 2016.”
B) “O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos [...] estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet.”
C) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier) [...]”.
D) “[...] o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel.”
E) “A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos [...]”.
Indústria cultural da felicidade
Tornou-se perigoso o emprego da palavra felicidade desde seu mau uso pela propaganda. Os que se negam a usá-la acreditam liberar os demais dos desvios das falsas necessidades, das bugigangas que se podem comprar em shoppings grã-finos ou em camelôs na beira da calçada, que, juntos, sustentam a indústria cultural da felicidade à qual foi reduzido o que, antes, era o ideal ético de uma vida justa. Infelicidade poderia ser o nome próprio desse novo estado da alma humana que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que está a fazer. Desespero é um termo ainda mais agudo quando se trata da perda do sentido das ações pela perda da capacidade de reflexão sobre o que se faz. A felicidade publicitária está ao alcance dos dedos e não promete um depois. Resulta disso a massa de “desesperados” trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento.
TIBURI, M. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 12 nov. 2014 (adaptado).
Ao reprovar a ação da indústria da felicidade e um comportamento humano, o texto associa a
A) ansiedade recorrente ao lançamento de novidades no mercado.
B) visita frequente ao shopping à resolução de problemas cotidianos.
C) atitude impensada ao atendimento de necessidades emergenciais.
D) postura consumista à crença na promessa ilusória de anúncios publicitários.
E) vantagem econômica à venda de produtos falsificados no mercado ambulante.
Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças às suas cartas.
Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou despercebido o título que quer dar ao seu primeiro livro de poemas — Minha terra tem palmeiras). Às vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho do motor do carro em disparada, ou se fica contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à vida besta, que devia jazer para sempre abandonada em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que nem um pernóstico malandro escondido por detrás dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por ocasião das bacanais de Momo.
SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2006.
Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um texto de expressividade centrada na
A) hesitação na escolha de um modelo literário ideal.
B) colagem de estilos e estéticas na formação do escritor.
C) confluência de vozes narrativas e de referências biográficas.
D) fragmentação do discurso na origem da representação poética.
E) correlação entre elementos da cultura popular e de origem erudita.
Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
Matinal e noturna, ativa... Nossa!
ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento).
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)
A) registro social típico de variedades regionais.
B) variante particular presente na oralidade.
C) inovação lexical singularizante da linguagem literária.
D) marca de informalidade característica do texto literário.
E) traço linguístico exclusivo da linguagem poética.
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