Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
TEXTO I
280 novos veículos por dia no estado
Frota, que chega a quase 1,4 milhão, deve
dobrarem 13 anos
A cada dia, uma média de 280 novos veículos chega às ruas do Espírito Santo, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES). No final do mês passado, a frota já era de 1 395 342 unidades, 105 mil a mais do que no mesmo mês de 2011. Os números incluem automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus, entre outros tipos. De dezembro para cá, o crescimento foi de mais de 33 mil veículos. E, se esse ritmo continuar, a frota do Espírito Santo vai dobrar até 2025. O diretor-geral do Detran-ES relaciona o crescimento desses números à facilidade encontrada para se comprar um veículo. “Há toda uma questão econômica, da facilidade de crédito. Como oferecemos um transporte coletivo que ainda precisa ser melhorado, inevitavelmente o cidadão que pode adquire seu próprio veículo”.
Disponível em: http://gazetaonline.globo.com. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado).
TEXTO II
Os textos I e II tratam do mesmo tema, embora sejam de gêneros diferentes. Estabelecendo-se as relações entre os dois textos, entende-se que o Texto II tem a função de
A) reprovar as medidas do governo de incentivo à aquisição do carro próprio.
B) apontar uma possível alternativa para resolver a questão do excesso de veículos.
C) mostrar a dificuldade de solução imediata para resolver o problema do crescimento da frota.
D) criticar, por meio da sátira, as consequências do aumento da frota de veículos.
E) responsabilizar a má qualidade do serviço de transporte pelo crescimento do número de veículos.
Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
A) angústia provocada pela sensação de solidão.
B) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
C) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
D) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
E) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
Se o dançarino já preparou toda a sensação antes, ele não está no vazio... já está acabado. Nesse momento (vazio) é o seu corpo que está dizendo algo, não é você. Quando o ator está nesse momento de desistir, é nesse momento que ele deve continuar; é nesse momento que chega algo para quem está assistindo. Não importa tanto a coreografia e todo esse trabalho. O mais importante é isso, o vazio, e como você continua com isso...
COLLA, A. C. Caminhante, não há caminhos, só rastros. São Paulo: Perspectiva, 2013.
O texto considera que um corpo vazio (de som, sentimento e pensamento) pode fazer qualquer coisa. Nessa concepção, a atuação do dançarino alcança o ápice de
A) inércia em cena.
B) transcendência de si.
C) significação do preparo.
D) ausência de comunicação.
E) consciência do movimento.
Maria Diamba
Para não apanhar mais
falou que sabia fazer bolos:
virou cozinha.
Foi outras coisas para que tinha jeito.
Não falou mais:
Viram que sabia fazer tudo,
até molecas para a Casa-Grande.
Depois falou só,
só diante da ventania
que ainda vem do Sudão;
falou que queria fugir
dos senhores e das judiarias deste mundo
para o sumidouro.
LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007.
O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de Maria Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão. A resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela relação que se faz entre
A) o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino.
B) a exploração sexual e a geração de novas escravas.
C) a prática na cozinha e a intenção de ascender socialmente.
D) o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à África.
E) o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos brancos.
O adolescente
A vida é tão bela que chega a dar medo.
Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas
esse medo fascinante e fremente de curiosidade
[que faz
o jovem felino seguir para frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.
Medo que ofusca: luz!
Cumplicentemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:
Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
— vestida apenas com o teu desejo!
QUINTANA, M. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 1998.
Ao abordar uma etapa do desenvolvimento humano, o poema mobiliza diferentes estratégias de composição. O principal recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a
A) hipérbole do medo.
B) metáfora da estátua.
C) personificação da vida.
D) antítese entre juventude e velhice.
E) comparação entre desejo e nudez.
O hoax, como é chamado qualquer boato ou farsa I na internet, pode espalhar vírus entre os seus contatos. Falsos sorteios de celulares ou frases que Clarice Lispector nunca disse são exemplos de hoax. Trata-se de boatos recebidos por e-mail ou compartilhados em redes sociais. Em geral, são mensagens dramáticas ou alarmantes que acompanham imagens chocantes, falam de crianças doentes ou avisam sobre falsos vírus. O objetivo de quem cria esse tipo de mensagem pode ser apenas se divertir com a brincadeira (de mau gosto), prejudicar a imagem de uma empresa ou espalhar uma ideologia política.
Se o hoax for do tipo phishing (derivado de fishing, pescaria, em inglês) o problema pode ser mais grave: o usuário que clicar pode ter seus dados pessoais ou bancários roubados por golpistas. Por isso é tão importante ficar atento.
VIMERCATE, N. Disponível em: www.techtudo.com.br. Acesso em: 1 maio 2013
Ao discorrer sobre os hoaxes, o texto sugere ao leitor, como estratégia para evitar essa ameaça,(adaptado)
A) recusar convites de jogos e brincadeiras feitos pela internet.
B) analisar a linguagem utilizada nas mensagens recebidas.
C) classificar os contatos presentes em suas redes sociais.
D) utilizar programas que identifiquem falsos vírus.
E) desprezar mensagens que causem comoção.
Quinze de Novembro
Deodoro todo nos trinques
Bate na porta de Dão Pedro Segundo.
— Seu imperado, dê o fora que nós queremos tomar conta desta bugiganga.
Mande vir os músicos.
O imperador bocejando responde:
— Pois não meus filhos não se vexem
me deixem calçar as chinelas
podem entrar à vontade:
só peço que não me bulam nas obras completas de
[Victor Hugo.
MENDES, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
A poesia de Murilo Mendes dialoga com o ideário poético dos primeiros modernistas. No poema, essa atitude manifesta-se na
A) releitura irônica de um fato histórico.
B) visão ufanista de um episódio nacional.
C) denúncia implícita de atitudes autoritárias.
D) isenção ideológica do discurso do eu lírico.
E) representação saudosista do regime monárquico.
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto
A) ressaltar a importância da intertextualidade.
B) propor leituras diferentes das previsíveis.
C) apresentar o ponto de vista da autora.
D) discorrer sobre o ato de leitura.
E) focar a participação do leitor.
As lutas podem ser classificadas de diferentes formas, de acordo com a relação espacial entre os oponentes. As lutas de contato direto são caracterizadas pela manutenção do contato direto entre os adversários, os quais procuram empurrar, desequilibrar, projetar ou imobilizar o oponente. Já as lutas que mantêm o adversário a distância são caracterizadas pela manutenção de uma distância segura em relação ao adversário, para não ser atingido pelo oponente, procurando o contato apenas no momento da aplicação de uma técnica (golpe).
Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de educação física para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. Curitiba: SEED, 2008 (adaptado).
Com base na classificação presente no texto, são exemplos de luta de contato direto e de luta que mantém o adversário a distância, respectivamente,
A) judô e karatê.
B) jiu-jítsu e sumô.
C) boxe e kung fu.
D) esgrima e luta olímpica.
E) Muay Thai e tae kwon do.
Árvore é cortada para dar lugar à propaganda
sobre preservação ambiental
“Uma criança abraça uma árvore com o sorriso no rosto. No fundo verde, uma mensagem exalta a importância da preservação da natureza e lembra o Dia da Árvore”. O que seria um roteiro padrão para uma peça publicitária virou motivo de revolta e indignação em uma cidade do interior de São Paulo. Isso porque uma empresa de outdoor derrubou uma árvore centenária em um terreno para a instalação de suas placas.
A empresa teria informado que tinha autorização da prefeitura e da polícia ambiental para cortar a árvore. Sobre a propaganda, a empresa disse que foi “uma infeliz coincidência”, já que não sabia o que iria ser anunciado.
Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, informou que não há nenhuma autorização em nome da empresa para o corte da árvore.
A multa, segundo a polícia ambiental, varia entre R$100 e R$ 1 000 por árvore ou planta cortada.
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 21 set. 2015 (adaptado).
O texto apresenta uma crítica ao uso social de um outdoor. Essa crítica está associada ao fato de
A) uma multa de R$ 100 a R$ 1 000 ser aplicada por corte de árvore ou de planta.
B) a Secretaria do Meio Ambiente ter negado a autorização do corte da árvore.
C) a empresa informar que foi uma “infeliz coincidência” o corte da árvore.
D) uma campanha ambiental ter substituído uma árvore centenária.
E) a empresa utilizar a imagem de uma criança na campanha.
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