Questões de Português do ENEM

Questões de Português retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

cód. #3451

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL


TEXTO III


A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é suspenso bruscamente”.

Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele representa o animal em um movimento ambíguo, em que os membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”.

FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004


Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)

A) fotografia é realista na captação da sensação do movimento.
B) pintura explora os sentimentos do artista e não tem um caráter científico.
C) fotógrafo faz um estudo sobre os movimentos e consegue captar a essência da sua representação.
D) pintor representa de forma equivocada as patas dos cavalos, confundindo nossa noção de realidade.
E) pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.

A B C D E

cód. #3452

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Olhando o gavião no telhado, Hélio fala:

— Esta noite eu sonhei um sonho engraçado.

— Como é que foi? — pergunta o pai.

— Quer dizer, não é bem engraçado não. É sobre uma casa de joão-de-barro que a gente descobriu ali no jacarandá.

— A gente, quem?

— Eu mais o Timinho.

— O que tinha dentro?

— Um ninho.

— Vazio?

— Não.

— Tinha ovo?

— Tinha.

— Quantos? — pergunta a mãe.

Hélio fica na dúvida. Não consegue lembrar direito.

Todos esperam, interessados. Na maior aflição, ele pergunta ao irmão mais novo:

— Quantos ovos tinha mesmo, Timinho? Ocê lembra?

ROMANO, O. O ninho. In: Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.


Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narrativa popular que tem o intuito de

A) contar histórias do universo infantil.
B) relatar fatos do cotidiano de maneira cômica.
C) retratar personagens típicos de uma região.
D) registrar hábitos de uma vida simples.
E) valorizar diálogos em família

A B C D E

cód. #3453

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL


TEXTO II


Os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma finalidade. Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para menos que, em contraste com o Modernismo, não existe essa coisa de estilo contemporâneo.

DANTO, A. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: Odysseus, 2006.


A obra de Ernesto Neto revela a liberdade de criação abordada no texto ao

A) destacar o papel da arte na valorização da sustentabilidade.
B) romper com a estrutura dos referenciais estéticos contemporâneos.
C) envolver o espectador ao promover sua interação com a obra.
D) reproduzir no espaço da galeria um fragmento da realidade.
E) utilizar a linearidade de estilos artísticos anteriores.

A B C D E

cód. #3454

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Para os chineses da dinastia Ming, talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e seguros: acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Oriente, que os espíritos malévolos só viajam em linha reta. Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas. Qualidades sobrenaturais não são as únicas razões para considerarmos as favelas um modelo urbano viável, merecedor de investimentos infraestruturais em escala maciça. Lugares com conhecidos e sérios problemas, elas podem ser também solução para uma série de desafios das cidades hoje. Contanto que não sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceituoso. As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno e sua história se confunde com a formação do Brasil.

CARVALHO, B. A favela e sua hora. Piauí, n. 67, abr. 2012.


Os enunciados que compõem os textos encadeiam-se por meio de elementos linguísticos que contribuem para construir diferentes relações de sentido. No trecho “Em vielas sinuosas, portanto, estaríamos livres de assombrações malditas”, o conector “portanto” estabelece a mesma relação semântica que ocorre em

A) “[...] talvez as favelas cariocas fossem lugares nobres e seguros [...].”
B) “[...] acreditava-se por lá, assim como em boa parte do Oriente [...].”
C) “[...] elas podem ser também solução para uma série de desafios das cidades hoje.”
D)Contanto que não sejam encaradas com olhar pitoresco ou preconceituoso.”
E) “As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno [...].”

A B C D E

cód. #3455

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL


A imagem reproduz a instalação da paulista Lina Kim, apresentada na 25ª Bienal de São Paulo em março de 2002. Nessa obra, a artista se utiliza de elementos dispostos num determinado ambiente para propor que o observador reconheça o(a)

A) recusa à representação dos problemas sociais.
B) questionamento do que seja razão.
C) esgotamento das estéticas recentes.
D) processo de racionalização inerente à arte contemporânea.
E) ruptura estética com movimentos passados.

A B C D E

cód. #3456

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Reclame


se o mundo não vai bem

a seus olhos, use lentes ...

ou transforme o mundo.

ótica olho vivo

agradece a preferência.

CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014.


Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte característica:

A) Extensão do texto.
B) Emprego da injunção.
C) Apresentação do título.
D) Disposição das palavras.
E) Pontuação dos períodos.

A B C D E

cód. #3457

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Cores do Brasil


Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).


O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho predomina o uso da sequência

A) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
B) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
C) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
D) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
E) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

A B C D E

cód. #3458

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Ocorre que a grande obra nunca é apenas a tradução do engenho e arte do seu autor, seja este escritor, filósofo, cientista, pintor, músico, arquiteto, escultor, cineasta. Em geral, a grande obra é também, ou mesmo principalmente, a expressão do clima sociocultural, intelectual, científico, filosófico e artístico da época, conforme se expressa em alguma coletividade, grupo social, etnia, gênero ou povo.

IANNI, O. Variações sobre arte e ciência. Tempo Social, n. 1, jun. 2004.


O fragmento define o que é uma grande obra de arte. Como estratégia de construção do texto, o autor faz uso recorrente de

A) enumerações para sustentar o ponto de vista apresentado.
B) repetições para retificar as características do objeto descrito.
C) generalizações para sintetizar as ideias expostas.
D) adjetivações para descrever a obra caracterizada.
E) sinonímias para retomar as características da atividade autoral.

A B C D E

cód. #3459

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Filha do compositor Paulo Leminski lança disco

com suas canções

“Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições

do poeta


Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz é questionada sobre a influência da poesia de seu pai, Paulo Leminski, na música que ela produz. “A minha infância foi música, música, música”, responde veementemente, lembrando que, antes de poeta, Leminski era compositor.

Estrela frisa a faceta musical do pai em Leminskanções. Duplo, o álbum soma Essa noite vai ter sol, com 13 composições assinadas apenas por Leminski, e Se nem for terra, se transformar, que tem 11 parcerias com nomes como sua mulher, Alice Ruiz, com quem compôs uma única faixa, Itamar Assumpção e Moraes Moreira.

BOMFIM, M. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br. Acesso em: 22 ago. 2014 (adaptado).


Os gêneros textuais são caracterizados por meio de seus recursos expressivos e suas intenções comunicativas. Esse texto enquadra-se no gênero

A) biografia, por fazer referência à vida da artista
B) relato, por trazer o depoimento da filha do artista.
C) notícia, por informar ao leitor sobre o lançamento do disco.
D) resenha, por apresentar as características do disco.
E) reportagem, por abordar peculiaridades sobre a vida da artista.

A B C D E

cód. #3460

INEP - Português - 2018 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

A ascensão das novas tecnologias de comunicação causou alvoroço, quando não gerou discursos apocalípticos acerca da finitude dos objetos nos quais se ancorava a cultura letrada. As atenções voltaram-se, sobretudo, para o mais difundido de todos esses objetos: o livro impresso. A crer nesses diagnósticos sombrios, os livros e a noção romântica de autoria estavam fadados ao desaparecimento. O triunfo do hipertexto e a difusão dos e-books inscreveriam um marco na linha do tempo, semelhante aos daqueles suscitados pelo advento da escrita e da “revolução do impresso”. Decerto porque as mudanças no padrão tecnológico de comunicação alteram práticas e representações culturais. Contudo, os investigadores insistem que uma perspectiva evolutiva e progressiva acaba por obscurecer o fato de que as normas, as funções e os usos da cultura letrada não são compartilhados de maneira igual, como também não anulam as formas precedentes.

Apesar dos avanços, a história da leitura não pode restringir seu interesse ao livro, tendo de considerar outras formas de impresso de ampla circulação e suportes de textos não impressos. Isso é particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade.

SCHAPOCHNIK, N. Cultura letrada: objetos e práticas – uma introdução. In: ABREU, M.; SCHAPOCHNIK, N. (Org.). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. Campinas: Mercado das Letras, 2005 (adaptado).


Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da cultura letrada no país, o autor defende a ideia de que

A) livros eletrônicos revolucionam ações de letramento.
B) veículos midiáticos interferem na formação de leitores.
C) tecnologias de leitura novas desconsideram as anteriores.
D) aparatos tecnológicos prejudicam hábitos culturais.
E) práticas distintas constroem a história da leitura.

A B C D E

{TITLE}

{CONTENT}
Precisa de ajuda? Entre em contato.