Questões de História retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
Dois grandes eventos históricos tomaram possível um caso como o de Menocchio: a invenção da imprensa e a Reforma. A imprensa lhe permitiu confrontar os livros com a tradição oral em que havia crescido e lhe forneceu as palavras para organizar o amontoado de ideias e fantasias que nele conviviam. A Reforma lhe deu audácia para comunicar o que pensava ao padre do vilarejo, conterrâneos, inquisidores — mesmo não tendo conseguido dizer tudo diante do papa, dos cardeais e dos príncipes, como queria.
GINZBURG. C. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro
perseguido pela Inquisição. São Paulo. Cia das Letras. 2008
Os acontecimentos históricos citados ajudaram esse individuo, no século XVI, a repensar a visão católica do mundo ao possibilitarem a
A) consulta pública das bibliotecas reais.
B) sofisticação barroca do ritual litúrgico.
C) aceitação popular da educação secular.
D) interpretação autônoma dos textos biblicos.
E) correção doutrinária das heresias medievais.
A) transmissão dos saberes acumulados.
B) expansão da propriedade individual.
C) ruptura da disciplina hierárquica.
D) surgimento dos laços familiares.
E) rejeição de práticas exógenas
A) criação de privilégios.
B) contenção dos gastos.
C) pluralidade dos sujeitos.
D) padronização do currículo.
E) valorização da meritocracia.
Chamando o repórter de “cidadão”, em 1904, o preto acapoeirado justificava a revolta: era para “não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a vacinação em si não era importante — embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era “mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).
A referida Revolta, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro no início da República, caracterizouse por ser uma
A) agitação incentivada pelos médicos.
B) atitude de resistência dos populares.
C) estratégia elaborada pelos operários.
D) tática de sobrevivência dos imigrantes.
E) ação de insurgência dos comerciantes.
A) fim da escravidão indígena.
B) declínio de monoculturas locais.
C) introdução de técnicas produtivas.
D) formação de sociedades estamentais
E) desvalorização das capitanias hereditárias.
Na primeira bica abasteciam os negros, forros e cativos, os mulatos e os índios; na segunda, os moiros das galés, e os da primeira bica, quando fosse necessário; a terceira e quarta estavam reservadas aos homens e moços brancos; na quinta enchiam as mulheres pretas e na sexta, as mulheres e moças brancas. A quem infringisse esta ordem eram aplicados severos castigos — açoitamento com baraço e pregão, ao redor do Chafariz, sendo de cor; 2 000 réis de multa e três dias de cadeia, sendo branco o prevaricador.
CAETANO, J. O. Chafarizes de Lisboa. Lisboa: Distri, 1991.
A organização dos consumidores nos chafarizes públicos de Lisboa no século XVI, descrita no texto, expressava a
A) escassez de recursos hídricos.
B) reprodução de distinções sociais.
C) prevenção da transmissão de doenças.
D) obsolescência das técnicas de fornecimento.
E) ineficiência da cobertura de serviços estatais.
Diante da unidade e da militância dos negros, o governo nacionalista decidiu aplicar medidas reacionárias e repressivas — interdição do direito à reunião, vigilância e perseguição policiais, dissolução dos partidos políticos, tortura, prisão domiciliar e encarceramento de militantes.
CHANAIWA, D. A África austral. In: MAZRUI, A.; WONDJI, C. (Org.). História geral da África: África desde 1935. Brasília: Unesco, 2010.
A atuação do Estado sul-africano na década de 1950, como descrita, indica que seus dirigentes buscavam
A) bloquear as manifestações violentas dos bôeres.
B) atender às disposições jurídicas internacionais.
C) suprimir as organizações dissidentes atuantes.
D) fomentar as divisões étnicas da oposição.
E) aliciar as lideranças tribais nativas.
O jovem que nasceu e cresceu sob a ditadura perdeu muitos contatos com a realidade e com a história como processo vivo. Mas conheceu em sua carne o que é a opressão e como a repressão institucional (às vezes inconsciente e definitiva, dentro da família, da escola etc.) é odiosa. Essa é uma riqueza ímpar. O potencial radical de um jovem — pobre, de pequena burguesia ou “rico” — que sofre prolongadamente uma experiência dessas, constitui um agente político valioso. Ele está “embalado” para rejeitar e combater a opressão sistemática e a repressão dissimulada, o que o converte em um ser político inconformista promissor.
FERNANDES, F. O dilema político dos jovens. In: Florestan Fernandes na constituinte: leituras para reforma política. São Paulo: Expressão Popular, 2014.
No contexto mencionado, Florestan Fernandes tematiza um efeito inesperado do exercício do poder político decorrente da
A) evolução histórica do conflito de gerações.
B) fragilidade moral das instituições públicas.
C) impossibilidade de realização do controle total.
D) legitimação ideológica do nacionalismo estatal.
E) restrição da oferta de oportunidades de educação.
A década que se segue ao fim da guerra constitui praticamente uma continuação desta com a acomodação difícil de seus resultados. A ruptura do sistema internacional com a Revolução Soviética, a ascensão dos Estados Unidos, o recuo da Europa e o início da contestação anticolonial marcam uma década que para muitos foi de pessimismo e para alguns de ilusão, que bruscamente se encerra com a quebra da bolsa de Nova Iorque. Com a crise de 1929 terá início a preparação de uma nova guerra mundial.
VIZENTINI, P. G. F. Primeira Guerra Mundial. Porto Alegre: UFRGS, 2006 (adaptado).
Os eventos mencionados no texto contribuíram fortemente para a ascensão de regimes propensos a um novo conflito armado, pois
A) perturbaram a dinâmica de equilíbrio demográfico.
B) dificultaram a adesão a ideologias de viés socialista.
C) favoreceram a ascensão de grupos anarquistas ao poder.
D) corroeram a crença na legitimidade das democracias liberais.
E) deterioraram a confiança no salvacionismo dos exércitos nacionais.
Lei n. 3 353, de 13 de maio de 1888
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia-Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º ano da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 6 fev. 2015 (adaptado).
Um dos fatores que levou à promulgação da lei apresentada foi o(a)
A) abandono de propostas de imigração.
B) fracasso do trabalho compulsório.
C) manifestação do altruísmo britânico.
D) afirmação da benevolência da Corte.
E) persistência da campanha abolicionista.
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