Questões de História retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
TEXTO I
Embora eles, artistas modernos, se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. Essas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. Sejam sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural.
LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da exposição de Anita Malfatti. O Estado de São Paulo, 20 dez.1917 (adaptado).
TEXTO II
Anita Malfatti, possuidora de uma alta consciência do que faz, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor conseguem iludir.
ANDRADE, O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, 11 jan. 1918 (adaptado).
TEXTO III
MALFATTI, A. O homem amarelo, 1915-1916. Óleo sobre tela, 61 x 51 cm. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 28 fev. 2013
A análise dos documentos apresentados demonstra que o cenário artístico brasileiro no primeiro quartel do século XX era caracterizado pelo(a)
A) domínio do academicismo, que dificultava a recepção da vertente realista na obra de Anita Malfatti.
B) dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam sobre a validade do modelo estético europeu.
C) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam a adaptação da estética europeia à realidade brasileira.
D) impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o conceito de arte e abasteciam a busca por uma produção artística nacional.
E) influência dos movimentos artísticos europeus de vanguarda, que levava os modernistas a copiarem suas técnicas e temáticas.
Ô ô, com tanto pau no mato
Embaúba* é coroné
Com tanto pau no mato, ê ê
Com tanto pau no mato
Embaúba é coroné
* Embaúba: árvore comum e inútil por ser podre por dentro, segundo o historiador Stanley Stein.
STEIN, S. J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990 (adaptado).
Os versos fazem parte de um jongo, gênero poético-musical cantado por escravos e seus descendentes no Brasil no século XIX, e procuram expressar a
A) exploração rural.
B) bravura senhorial.
C) resistência cultural.
D) violência escravista.
E) ideologia paternalista.
Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada se opunha à concepção de patrimônio vigente nas décadas de 1960 e 1970 na medida em que
A) se apropriava das expressões da cultura popular para produzir uma arte efêmera destinada ao protesto.
B) resgatava símbolos ameríndios e africanos para se adaptara exposições em espaços públicos.
C) absorvia elementos gráficos da propaganda para criar objetos comercializáveis pelas galerias.
D) valorizava elementos da arte popular para construir representações da identidade brasileira.
E) incorporava elementos da cultura de massa para atenderás exigências dos museus.
Flor da negritude
Nascido numa casa antiga, pequena, com grande quintal arborizado, localizada no subúrbio de Lins de Vasconcelos, o Renascença Clube foi fundado por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar, por meio do Renascença, um campo de relações em que os filhos de famílias negras bem-sucedidas pudessem encontrar pessoas consideradas do mesmo nível social e cultural, para fins de amizade ou casamento. Os homens usavam trajes obrigatoriamente formais, flores na lapela, às vezes de summer ou até de fraque. As mulheres se vestiam com muitas sedas, cetins e rendas, não esquecendo as luvas e os chapéus.
GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set. 2007 (adaptado).
No início dos anos 1950, a fundação do Renascença Clube, como espaço de convivência, demonstra o(a)
A) inexperiência associativa que levou a elite negra a imitar os clubes dos brancos.
B) isolamento da comunidade destacada que ignorava a democracia racial brasileira.
C) interesse de um grupo de negros na afirmação social para se livrar do preconceito.
D) existência de uma elite negra imune ao preconceito pela posição social que ocupava.
E) criação de um racismo invertido que impedia a presença de pessoas brancas nesses clubes.
No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma, em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell impero; a nova Via Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo italiano. Às sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma, que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens fortes; seus grandes poetas e apólogos como Horácio e Virgílio.
SILVA, G. História antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado).
A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de
A) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida.
B) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político.
C) difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais.
D) refazer o urbanismo clássico para favorecer a participação política.
E) recompor a organização republicana para fortalecer a administração estatal.
A experiência do movimento organizado de mulheres no Brasil oferece excelente exemplo de como se pode utilizar a lei em favor da melhoria do status jurídico, da condição social, do avanço no sentido de uma presença mais efetiva no processo de decisão política. Ao longo de quase todo o século XX, com mais intensidade em algumas décadas do que em outras, as mulheres brasileiras conseguiram obter vitórias expressivas. Algumas vezes, abolindo dispositivos legais discriminatórios, outras, conseguindo aprovar novas leis.
TABAK, F A lei como instrumento de mudança social. In: TABAK, F; VERUCCI, F. A difícil igualdade: os direitos da mulher como direitos humanos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
A atuação do movimento social abordado no texto resultou, na década de 1930, em
A) direito de voto.
B) garantia de cotas.
C) acesso ao trabalho.
D) organização partidária.
E) igualdade de oportunidades.
Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si própria com a finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude da lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra e aqueles que são filhos de nossas escravas.
CARDOSO, C. F Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.
A obra instituías, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga. No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma
A) mão de obra especializada protegida pela lei.
B) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.
C) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.
D) condição legal independente da origem étnica do indivíduo.
E) comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas.
Tendo se livrado do entulho do maquinário volumoso e das enormes equipes de fábrica, o capital viaja leve, apenas com a bagagem de mão, pasta, computador portátil e telefone celular. O novo atributo da volatilidade fez de todo compromisso, especialmente do compromisso estável, algo ao mesmo tempo redundante e pouco inteligente: seu estabelecimento paralisaria o movimento e fugiria da desejada competitividade, reduzindo a priori as opções que poderiam levar ao aumento da produtividade.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
No texto, faz-se referência a um processo de transformação do mundo produtivo cuja consequência é o(a)
A) regulamentação de leis trabalhistas mais rígidas.
B) fragilização das relações hierárquicas de trabalho.
C) decréscimo do número de funcionários das empresas.
D) incentivo ao investimento de longos planos de carreiras.
E) desvalorização dos postos de gerenciamento corporativo.
De alcance nacional, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) representa a incorporação à vida política de parcela importante da população, tradicionalmente excluída pela força do latifúndio. Milhares de trabalhadores rurais se organizaram e pressionaram o governo em busca de terra para cultivar e de financiamento de safras. Seus métodos — a invasão de terras públicas ou não cultivadas — tangenciam a ilegalidade, mas, tendo em vista a opressão secular de que foram vítimas e a extrema lentidão dos governos em resolver o problema agrário, podem ser considerados legítimos.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
Argumenta-se que as reivindicações apresentadas por movimentos sociais, como o descrito no texto, têm como objetivo contribuir para o processo de
A) inovação institucional.
B) organização partidária.
C) renovação parlamentar.
D) estatização da propriedade.
E) democratização do sistema.
A imagem retrata uma prática cultural brasileira cuja raiz histórica está associada à
A) liberdade religiosa.
B) migração forçada.
C) devoção ecumênica.
D) atividade missionária.
E) mobilização política.
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