Questões de Filosofia do ENEM

Questões de Filosofia retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

cód. #4735

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

A utilidade do escravo é semelhante à do animal. Ambos prestam serviços corporais para atender às necessidades da vida. A natureza faz o corpo do escravo e do homem livre de forma diferente. O escravo tem corpo forte, adaptado naturalmente ao trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto, inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do cidadão.

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.


O trabalho braçal é considerado, na filosofia aristotélica, como

A) indicador da imagem do homem no estado de natureza.
B) condição necessária para a realização da virtude humana.
C) atividade que exige força física e uso limitado da racionalidade.
D) referencial que o homem deve seguir para viver uma vida ativa.
E) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por meio da experiência.

A B C D E

cód. #4745

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

O filósofo Auguste Comte(1798 - 1857) preenche sua doutrina com uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e política: a ação política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a Revolução Francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o positivismo obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial das revoluções e engendra o progresso.

RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).


A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser

A) espaço coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das leis.
B) produto científico da física social, transcendendo e transformando as exigências da realidade.
C) elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da comunidade.
D) programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo portanto se manter aberto a novas insurreições.
E) agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por impor pelo menos um curto período de ordem.

A B C D E

cód. #4747

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpe enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.

DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.


A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com padrões da reflexão medieval, por

A) estabelecer o ceticismo como opção legítima.
B) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.
C) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.
D) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.
E) questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.

A B C D E

cód. #4752

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

TEXTO I


A melhor banda de todos os tempos da última semana

O melhor disco brasileiro de música americana

O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado

O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos

Não importa contradição

O que importa é televisão

Dizem que não há nada que você não se acostume

Cala a boca e aumenta o volume então.

MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).


TEXTO II


O fetichismo na música e a regressão da audição


Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação.

ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.


A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a)

A) lado efêmero e restritivo da indústria cultural.
B) baixa renovação da indústria de entretenimento.
C) influência da música americana na cultura brasileira.
D) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular.
E) declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento.

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cód. #4755

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.


AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).


Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque

A) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
B) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
C) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
D) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
E) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.

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cód. #4756

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.

PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.


Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a)

A) caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.
B) sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense.
C) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.
D) sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense.
E) teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias.

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cód. #5853

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.

NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?

A) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
B) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
C) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
D) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
E) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

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cód. #5870

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de

A) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
B) promover a atuação da sociedade civil na vida política.
C) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
D) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
E) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

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cód. #5871

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.
UME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que

A) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.
B) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível.
C) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
D) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.
E) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.

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cód. #5874

INEP - Filosofia - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.


O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de

A) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
B) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
C) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
D) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
E) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

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