Questões de Filosofia do ENEM

Questões de Filosofia retiradas das provas anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

cód. #5660

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Não estou mais pensando como costumava pensar. Percebo isso de modo mais acentuado quando estou lendo. Mergulhar num livro, ou num longo artigo, costumava ser fácil. Isso raramente ocorre atualmente. Agora minha atenção começa a divagar depois de duas ou três páginas. Creio que sei o que está acontecendo. Por mais de uma década venho passando mais tempo on-line, procurando e surfando e algumas vezes acrescentando informação à grande biblioteca da internet. A internet tem sido uma dádiva para um escritor como eu. Pesquisas que antes exigiam dias de procura em jornais ou na biblioteca agora podem ser feitas em minutos. Como disse o teórico da comunicação Marshall McLuhan nos anos 60, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação. Ela fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. E o que a net parece fazer é pulverizar minha capacidade de concentração e contemplação.

CARR, N. Is Google making us stupid? Disponível em: www.theatlantic.com. Acesso em: 17 fev. 2013 (adaptado).

Em relação à internet, a perspectiva defendida pelo autor ressalta um paradoxo que se caracteriza por

A) associar uma experiência superficial à abundância de informações.
B) condicionar uma capacidade individual à desorganização da rede.
C) agregar uma tendência contemporânea à aceleração do tempo.
D) aproximar uma mídia inovadora à passividade da recepção.
E) equiparar uma ferramenta digital à tecnologia analógica.

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cód. #5665

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!

NIETZSCHE, F Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro, 1977.

O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que

A) reforça a liberdade do cidadão.
B) desvela os valores do cotidiano.
C) exorta as relações de produção.
D) destaca a decadência da cultura.
E) amplifica o sentimento de ansiedade.

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cód. #5674

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:

A) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
B) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.
C) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.
D) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.
E) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo.

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cód. #5679

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

TEXTO I

      Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

 HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).


TEXTO II

      Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

                                        PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das

A) investigações do pensamento sistemático.
B) preocupações do período mitológico.
C) discussões de base ontológica.
D) habilidades da retórica sofística.
E) verdades do mundo sensível.

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cód. #5682

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.

DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da

A) investigação de natureza empírica.
B) retomada da tradição intelectual.
C) imposição de valores ortodoxos.
D) autonomia do sujeito pensante.
E) liberdade do agente moral.

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cód. #4922

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo — terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo —, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.

DIÓGENES. In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.


O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem

A) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza.
B) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras da democracia.
C) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.
D) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.
E) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.

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cód. #4923

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

O aparecimento da pólis, situado entre os séculos VIII e VII a.C., constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade foi plenamente sentida pelos gregos, manifestando-se no surgimento da filosofia.

VERNANT, J.-P As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2004 (adaptado).


Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi resultado do(a)

A) constituição do regime democrático.
B) contato dos gregos com outros povos.
C) desenvolvimento no campo das navegações.
D) aparecimento de novas instituições religiosas.
E) surgimento da cidade como organização social.

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cód. #5696

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Ser ou não ser — eis a questão.

Morrer — dormir — Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!

Os sonhos que hão de vir no sono da morte

Quando tivermos escapado ao tumulto vital

Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão

Que dá à desventura uma vida tão longa.

SHAKESPEARE, W Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.

Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre

A) consciência de si e angústia humana.
B) inevitabilidade do destino e incerteza moral.
C) tragicidade da personagem e ordem do mundo.
D) racionalidade argumentativa e loucura iminente.
E) dependência paterna e impossibilidade de ação.

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cód. #5701

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia

Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.

SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à

A) consagração de relacionamentos afetivos.
B) administração da independência interior.
C) fugacidade do conhecimento empírico.
D) liberdade de expressão religiosa.
E) busca de prazeres efêmeros.

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cód. #4948

INEP - Filosofia - 2016 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

A importância do argumento de Hobbes está em parte no fato de que ele se ampara em suposições bastante plausíveis sobre as condições normais da vida humana. Para exemplificar: o argumento não supõe que todos sejam de fato movidos por orgulho e vaidade para buscar o domínio sobre os outros; essa seria uma suposição discutível que possibilitaria a conclusão pretendida por Hobbes, mas de modo fácil demais. O que torna o argumento assustador e lhe atribui importância e força dramática é que ele acredita que pessoas normais, até mesmo as mais agradáveis, podem ser inadvertidamente lançadas nesse tipo de situação, que resvalará, então, em um estado de guerra.

RAWLS, J. Conferências sobre a história dafilosofia política. São Paulo:WMF, 2012 (adaptado).


O texto apresenta uma concepção de filosofia política conhecida como

A) alienação ideológica.
B) microfísica do poder.
C) estado de natureza.
D) contrato social.
E) vontade geral.

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