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Vei, a Sol Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramen...

INEP - Português - 2015 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL

Vei, a Sol


Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.

Assim nasceu a expressão "Vá tomar banho" que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.


O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei, a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar

A) resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.
B) ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.
C) referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.
D) descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.
E) uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

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