No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfacelar do...

No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfacelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido soturno e lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbrio....

INEP - História - 2021 - Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro Dia e Segundo Dia - Digital

No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfacelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido soturno e lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbrio. A cidade colonial, imunda, retrógrada, emperrada nas velhas tradições, estava soluçando no soluçar daqueles apodrecidos materiais que desabavam. Mas o hino claro das picaretas abafava esse projeto impotente. Com que alegria cantavam elas — as picaretas regeneradoras! E como as almas dos que ali estavam compreendiam o que elas diziam, no clamor incessante e rítmico, celebrando a vitória da higiene, do bom gosto e da arte.


BILAC, O. Crônica (1904). Apud SEVCENKO, N. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1995.


De acordo com o texto, a “picareta regeneradora” do alvorecer do século XX significava a

A) erradicação dos símbolos monárquicos.

B) restauração das edificações seculares.

C) interrupção da especulação imobiliária.

D) reconstrução das moradias populares.

E) reestruturação do espaço urbano.

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