Escrever A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse. Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e ?...
Escrever
A estudante perguntou como era essa coisa de escrever.
Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.
Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito estranho, reescreva.
Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão, e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque para afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.
SANTOS, J. F. O Globo, 10jan. 2011 (adaptado).
A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação em que se dá a comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a arte de escrever, o autor utiliza, em meio à linguagem escrita padrão, condizente com o contexto,
A) definições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis aos futuros jornalistas.
B) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de baixa escolaridade.
C) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação satisfatória com a interlocutora.
D) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na jovem entrevistadora.
E) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguístico dos jovens leitores do jornal.
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