É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às pressas o seu inseparável sobre...
— É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às pressas o seu inseparável sobretudo de casimira alvadia. — É o diabo! Esta menina já devia ter casado!
— Disso sei eu... balbuciou o outro. — E não é por falta de esforços de minha parte; creia!
— Diabo! Faz lástima que um organismo tão rico e tão bom para procriar, se sacrifique desse modo! Enfim — ainda não é tarde; mas, se ela não se casar quanto antes — hum... hum!... Não respondo pelo resto!
— Então o Doutor acha que...?
Lobão inflamou-se: Oh! o Conselheiro não podia imaginar o que eram aqueles temperamentozinhos impressionáveis!... eram terríveis, eram violentos, quando alguém tentava contrariá-los! Não pediam — exigiam — reclamavam!
AZEVEDO, A. O homem. Belo Horizonte: UFMG, 2003 (fragmento).
O romance O homem, de Aluísio Azevedo, insere-se no contexto do Naturalismo, marcado pela visão do cientificismo. No fragmento, essa concepção aplicada à mulher define-se por uma
A) conivência com relação à rejeição feminina de assumir um casamento arranjado pelo pai.
B) caracterização da personagem feminina como um estereótipo da mulher sensual e misteriosa.
C) convicção de que a mulher é um organismo frágil e condicionado por seu ciclo reprodutivo.
D) submissão da personagem feminina a um processo que a infantiliza e limita intelectualmente.
E) incapacidade de resistir às pressões socialmente impostas, representadas pelo pai e pelo médico.
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